Núbia Rodrigues

É o “fim da pandemia” de covid-19?

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Dra. Núbia Rodrigues

Nos últimos dias, muitos veículos de comunicação têm apresentado notas com decisões acerca dos países da Europa que anunciaram que irão passar a tratar a covid-19 como uma endemia e não mais como uma pandemia.

França, Reino Unido, Espanha e Dinamarca comunicaram que em seus respectivos territórios o que prevalece é uma endemia e não mais uma pandemia de covid-19 e esse anúncio tem provocado muitos questionamentos e até insegurança na população mundial, porque afinal, a variante ômicron continua espalhada por todo o mundo ocasionando internações e mortes.

O assunto é um tanto quanto polêmico e requer análise de cada localidade com cuidado e atenção, não podendo ser generalizada as decisões, uma vez que, cada país possui uma realidade e uma tratativa diferente para o controle e o combate da doença.

Mas, o que vem a ser uma endemia?

Consideramos que uma doença é endêmica quando ela aparece com frequência em um local, não espalhando por outras áreas ou outras comunidades, o que denominamos de endêmica típica. Entretanto, uma endemia pode também ser denominada sazonalmente, ocorrendo de modo sazonal, como acontece por exemplo, no Brasil em determinadas áreas com a febre amarela e a malária.

A endemia diferencia da pandemia porque em regra ficaria restrita a uma região e não se espalharia por todo o globo. Na pandemia lidamos com uma doença infecciosa que se propaga e atinge um grande número de pessoas em todo o mundo.

E embora a covid-19 tenha atingido o mundo inteiro de maneira rápida e assustadora – deixando o globo em alerta e decretando a existência de uma pandemia, não estamos diante da única doença que exemplifica uma pandemia. No mundo há outras doenças que também são consideradas e tratadas pelas comunidades mundiais de saúde como pandemia, como por exemplo, a gripe suína que atingiu o mundo em 2009 e matou milhões de pessoas, a AIDS, a tuberculose, peste, gripe asiática, gripe espanhola e a tifo.

Ah, então você deve estar se perguntando: o que muda com esse comunicado de alguns países da Europa? A pandemia realmente desapareceu ou está sob controle por lá?

Não, a covid-19 não desapareceu, não acabou e ainda “caminha” entre nós, nos faz manter os cuidados e seguir com cautelas. É sabido que os índices de diagnósticos e desdobramentos reduziram e em alguns locais estão sendo tratados como “aceitáveis”. Entretanto, temos consciência de que a doença existe, que permanecerá entre nós e que teremos que nos adaptar, aprender a conviver com ela e a nos cuidarmos sempre para evitar ou amenizar as consequências de uma infecção ou uma reinfecção de covid-19.

A Europa já declarou que em breve, medidas sanitárias como a utilização de máscaras em locais fechados, o distanciamento social e demais cuidados poderão ser eliminados da vida dos Europeus, assim como eventos festivos e aglomerações deverão ser liberados para toda a população que comprovar estar imune com a vacinação.

Como são feitas as vacinas

E no Brasil, seguimos nos cuidados de uma pandemia ou de uma endemia?

No Brasil a tendência é que permaneçam todas as medidas de restrição e seguranças já vigentes no país desde o início de 2020 como forma de controle e “erradicação” da doença e de sua transmissão, que infelizmente, mantem-se elevadas. No Brasil a covid-19 permanece sendo tratada como uma pandemia e com números elevados de contaminados e óbitos provocados pela variante ômicron. Além da alta taxa de casos diagnosticados, em tratamento e óbitos provocados, infelizmente somente 23% da população buscou a imunização com a dose de reforço e a vacinação infantil, recém iniciada, ainda enfrenta inúmeros questionamentos na população.

Assim, diante de todo esse cenário, o que fica para todos nós diante da existência da doença e seus desdobramentos é a certeza de que os cuidados e as cautelas individuais já conhecidas, são fundamentais para a proteção individual e consequentemente, o cuidado com o coletivo.

Fonte: https://conselho.saude.gov.br/vacinometro. Acesso em 10/02/2022.

Dra. Núbia Rodrigues é especialista em Direito Médico e Proteção Jurídica à Saúde pelo Instituto Paulista de Direito Médico e da Saúde IPDMS – São Paulo (SP); pósgraduada em Direito Médico e da Saúde pela Faculdade Legale, São Paulo (SP); pós graduada em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho pela PUC MINAS, Uberlândia (MG); graduada em Direito pela Universidade Braz Cubas Mogi das Cruzes (SP) e graduada em Letras pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia (MG). Atualmente é Diretora Jurídica do Direito dos Médicos e Hospitais junto ao escritório Bayma e Fernandes Advogados Associados, escritório que atua em todo o Brasil e Internacionalmente, é Defensora Dativa junto ao CRMDF, Membro Consultivo da Comissão Especial de Direito Médico e da Saúde junto ao Conselho Federal da OAB (Gestão 2019 – 2021) e Presidente do Observatório Nacional de Direito Médico e da Saúde.

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